quarta-feira, 17 de abril de 2013

Os Deuses da Felicidade


A felicidade dos homens nunca foi prioridade para os deuses
até porque eles sempre estiveram mais preocupados com
a própria felicidade e pensar na felicidade humana seria
perda de tempo. No nascedouro da mitologia grega, já há uma demostração inequívoca desse egoísmo exacerbado.
Cronos, o deus do tempo ao perceber que seria
molestado em seu poder por algum de seus filhos,
não perdeu "tempo", pôs-se a engolir um por um dos rebentos conforme iam nascendo. Graças a providência de Réia, a vida de Zeus, o pai dos deuses foi salva.
Mas não podemos imaginar que essa ameaça serviu como uma lição de humildade para o poderoso Zeus. Poderíamos pensar que se ele foi salvo pela mãe teria como reconhecimento, uma atitude benévola com relação aos pobres mortais.
Pelo contrário, Zeus provou inúmeras oportunidades
ser um deus arrogante, egoísta, vaidoso, luxurioso,
lascivo, devasso e em nenhum instante preocupado com a
felicidade de quem quer que fosse a não ser a dele mesmo.

Mas Zeus não está só nesse imenso panteão de figuras
egocêntricas. Não somente na mitologia grega, mas praticamente em todas mitologias há um emaranhado de personalidades difíceis.
Passando pela Mesopotâmia, India China, Países nórdicos, América Pré-Colombiana e inclusive os Hebreus, cada deus se julgava no direito de exigir sacrifícios, de impor condições
para que os mortais atingissem algum objetivo e no fim
de tudo ainda poderiam punir aqueles que por ventura sentissem alguma felicidade.
Essa condição, felicidade ficava no fim da lista.
Em princípio o homem deveria realizar as tarefas mais improváveis, depois se sobrasse tempo, talvez pudesse ser um pouquinho feliz.

Há uma série grande de casos onde deuses cobradores entram em ação.
Até as religiões modernas guardam vestígios herdados das mitologias onde os fiéis são obrigados a inúmeros sacrifícios. Tudo a troco de que?
Para felicidade de quem?

Começo a pensar que a felicidade é uma metáfora criada pelos deuses para que o homem nunca perca a disposição ao ato de abnegação, ao sacrifício e à entrega. Às oferendas ainda podemos incluir pagamento em espécie, como acontece em algumas convergências religiosas hoje em
dia, mas aí já entra outros tipos de deuses e outra sensação de felicidade desconhecida nos tempos mitológicos.

Pessoalmente imagino que os deuses não tenham nada a ver com a felicidade.
Na verdade acho que ninguém tem.
É tudo com a gente mesmo.

Fonte: http://faunosmitos.blogspot.com

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